“O homem não nasce humano. Ele possui, sim, a capacidade de tornar-se humano. Aprender a falar uma língua, por exemplo, é uma exclusividade humana que só se realiza com o contato com outros que falem”, diz Luci Banks-Leite, professora de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Nem mesmo a postura bípede se desenvolve se alguém não der a mão antes.”
“A ‘humanidade’ do homem aparece no contato social, tornando-se parte do indivíduo” 1928, Edwin Ewart Aubrey
A evolução do homem e a tecnologia.
"Podemos desenvolver economias e sociedades mais sustentáveis se imitarmos as quatro grandes formas que a natureza usou para se adaptar e se sustentar por vários bilhões de anos."
G. Tyler Miller Jr
Milhões de anos para o homem chegar ao ponto tecnológico no qual se encontra . Mas afinal de contas o homem conseguiria tal avanço tecnológico sem a ajuda dos demais animais e vegetais para o desenvolvimento de tais tecnologias ?
O ser humano com sua capacidade de cognição e aprendizagem ao longo desses milhares de anos vem desenvolvendo tecnologias com fundamentos no meio em que vive, sim o homem não cria , ele imita e aperfeiçoa o que a natureza criou . Desta forma o homem cria a tecnologia para o bem social ou individual na luta pela sobrevivência e evolução .
Uma das tecnologia mais utilizadas hoje descritas por Griffin, de como morcegos usam o sonar para localizar objetos, tiveram como conseqüência direta o uso de técnicas com sonar em uma gama de aplicações, desde as militares até o diagnóstico fetal.
Estudo com chimpanzés usando análogos da linguagem levaram a novas tecnologias (teclado de computadores usando símbolos arbitrários), que têm sido aplicadas com sucesso ao ensino da linguagem para populações humanas desfavorecidas.( O significado da pesquisa em Comportamento AnimalCharles T. Snowdon Universidade de Wisconsin).
Imitar as plantas captando energia solar via FOTORECEPTORES — o trabalho feito com perfeição pelos vegetais — ainda não foi tão bem copiado pelos humanos.
Mas a essas tecnologias estamos a fundo, por que não buscar os primórdios?
O homem, desde a gênese tem explorado o ambiente natural com um olhar particularmente atento interessado para asoutras formas devida animal do Planeta. As primeiras expressões humanasde arte gráfica representavam animais. As figuras de paredes do Paleolítico mostram uma grande variedade de animais.
O homem troglodita manifestava uma tendência ao travestismo e ao hibridismo na forma animal, comportamentos tribais que ainda sobrevivem arcaicas expressões propiciadoras – junto a diversas civilizações primitivas.
O progresso da humanidade e os próprios acontecimentos históricos que têm marcado o destino dos povos, têm freqüentemente implicado uma determinante presença do animal.
Mãe natureza abandonada
Para o bem ou parao mal, é a sociedadeque nos faz humanos
Em 1750, o filósofo iluminista francês Jean-Jacques Rousseau publicou seu Discurso sobre as Ciências e as Artes, no qual lançou a controversa teoria de que as ciências e as artes corrompem o homem. Naquele livro, ele argumentava a favor de uma “volta à natureza”, defendendo a tese de que “o homem é naturalmente bom”, mas acaba perdendo a bondade inicial conforme avança a civilização. Essa idéia do “bom selvagem” nortearia toda a obra de Rousseau. Quatro anos depois, ele voltaria ao tema no Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Aqui ele comenta cinco casos de crianças perdidas, incluindo o menino-lobo de Hesse, encontradoaos 7 anos, e a Garota de Issaux, achada nos Pirineus. Para Rousseau, o fato de esses meninos e meninas andarem de quatro acontecia por uma eventual imitação dos quadrúpedes, e não por características humanas naturais. O “bom selvagem”, na verdade, andaria sobre os dois pés, além de ser inteligente e generoso. Em 1928, Edwin Ewart Aubrey, um filósofo e teólogo escocês, levou a discussão adiante, defendendo a tese de que, para agir como humano, um indivíduo tem que ser criado por humanos. “O homem não nasce como um ser cultural já completo, com instintos inalienáveis, que determinem o curso inevitável de seu desenvolvimento”, disse. A conclusão de Aubrey foi a de que “a ‘humanidade’ do homem aparece no contato social, tornando-se parte do indivíduo”. Os meninos e meninas selvagens encontrados ao longo dos séculos foram, portanto, tolhidos em suas potencialidades humanas (vivessem eles confinados, isolados ou entre animais). “Hoje é mais fácil perceber que as histórias de crianças selvagens demonstram que ocomportamento humano não é inato, mas aprendido”, diz a professora Izabel Galvão. “Mas a discussão sobre natureza humana permanece atual, pois entra nos terrenos de biotecnologia, clonagem e robótica.”
Site
www.feralchildren.com - O site, em inglês, enumera dezenas de histórias de crianças selvagens, com dicas de leitura sobre elas.