“ A loucura do ser
é não ser
quem realmente é .”
Por : Ednilson Rogério
Felipe Cleto
Lírio em seu estado catatônico,sentado balançando todo
seu corpo . É silêncio , de súbito Lírio começa a falar:
L2 – jasmim
: borboleta , azaléia : lagarta , lírio :casulo , ulo ulo , vou voar ter ter o
céu na mão , ter a água no estômago . Voar . Vô até você . Eu poderia ser um
E.T. . Lírio , lindo ,loiro , preto , branco , azul ,azul , solidão , os olhos
cabisbaixos calcados nas calçadas . Pegadas no meu pensamento , pegadas , não
consigo pegar é como o ar . Pegadas , qual caminho vai me levar ? estradeiro ?
estrangeiro de mim , neste corpo que não sei bem quem é . passageiro no campo
de Lírios : felizes , tristes , amantes , furiosos .
Sou Lírio que floresce ,
vindo de Florença . Sou Lírio , Lírio , Lírio , írio , írio, rio , rio , io ,
ôôôôôô .......
Se levanta e sai
Entra Lírio 3
L3 –Já lhes
falei como estou satisfeito ?
Pode ser loucura mas não é !
Vai até a platéia e começa a discutir até onde pode ir
a loucura dele e a do público .
Minha
senhora , com licença , mas vejo nos seus olhos uma infelicidade , que poderá
como uma uva passa . Sinta mais o gosto das pequenas coisas, do simples ruído ,
quase inaudível que passa desapercebido todos os dias , o abrir da janela .
O
pronunciamento do simples ato de abrir a janela e ser violentado de vida por
todos os lados , com a luz branca do sol . um pequeno ruído . Louco ? sou ? Fui
,melhor dizendo passei , mergulhei nestas águas pantanosas da insanidade e ver
o mundo de uma nova forma , um novo olho . Não seria um novo par de lentes para
este velho óculos e sim um novo conceito de ver as coisas como elas deveriam
ser realmente . Nunca esquecendo de questionarmos se o real não é obra do
irreal . Já que boa parte de nossa vida vivemos num mundo irreal . O sonho .
São
alucinações , esquizofrênicas diárias de todos humanos .
Então
a loucura é um estado de sonho num indivíduo acordado ? Ou o acordado é o sonho
do estado de sono ?
Se aproxima de um homem .
O
senhor com esta cara rígida e segura das coisas , pode nos responder com
firmeza das suas palavras ....
Sobe no palco .
Pois
bem meu sonho foi desabrochar e cá estou
, Lírio di Florenza .
Sai de cena
Entram Graça e Lírio1
Gra – Você não me ama mais, tenho certeza que me trai com aquela vagabunda
da Sara. “ é minha amiga, é minha amiga.” – Você diz.
Amiga
de cama é puta!
L1 – Ta legal, Graça, fique sabendo que eu não sei se te amo, melhor
dizendo: se desconfio é porque não amo mais. Não sei como te suportei, uma mina
tão sem graça, nossa Graça é até engraçado né ?
- Ela dá um tapa na cara dele. –
Gra – Vá gozar da cara das suas negas .
L1 – Você vai se arrepender por ter feito isso comigo, fique sabendo que
entre eu e a Sara não há nada. Se houvesse com certeza ela seria muito mais
mulher que você.
- Dá as costas e some. –
Gra – Hei Lírio , péra aí , pensando bem . . .
- Chorando corre atrás dele. –
- Entra Lírio 3 –
L3
- Engraçado, amei Graça , uma
gracinha de menina, doce, extrovertida mas também possessiva , dominadora ,
ciumenta , etc.
Amor
de adolescente. Sabe, daqueles que é bom e gostoso até descobrir que na verdade
é inocente e sem graça.
É
amar não querendo e querendo não amando. Estado do ser onde sua cabeça dá mil
voltas.
Hoje
amar é o abstrato concreto e não o abstrato volátil , no qual certo dia ama
n’outro odeia. Amar com intensidade, constante e eternamente , é a chama que
carregamos em nós.
Somos
lenhas que unidos torna-se fogueira.
Muitas
graças podem passar , mas Graça , marcou-me , marcamo-nos em sangue e gozo.
Rompemos a barreira da inocência juntos . Graça e eu descobrimos um novo mundo
com nossos corpos.
Não
sabia o que eu era, como eu era, por que eu tinha que ser assim . Nada cabia
como explicação . Tudo era muito complicado , era socado em minha cabeça pré
conceitos de viver , sem indagar o porquê e como ser . Foi inevitável : O mundo
mostrou todas as suas faces , toda sua hipocrisia , todas as indagações ,
levou-me à loucura .
- Lírio 3 sai do palco –
- Entra Sara e Lírio 1 –
L1 – Então Sara , conseguiu?
Sa
- Mas por quê?
L1 – Dê-ma e saberás !
-Sara entrega a ele uma camisa de força-
Sa
- Agora me diga .
L1 – Primeiro me amarre .
- Lírio a veste-
Sa
- Pronto , agora diga .
L1 – Sara eu preciso de respostas , que não encontro .
Eu
preciso de um tempo para mim .
Quero
achar , ou procurar um novo Lírio , ou quem sabe seja este novo eu mesmo ou
então as coisas em torno de tudo e todos podem mudar . Não sei quanto tempo
pode levar.
É
somente ele que dirá.
Sa
- Mas como você vai fazer
isso?
L1 – Vou me passar por louco, serei internado e lá pensarei neste enigma
chamado vida.
Sa
- É perigoso demais Lírio, eu
trabalho com esse tipo de gente todos os dias, eles regressam e voltam a
lucidez. Muitos doutores somente pelo fato de lidar com eles têem que fazer seções com psicólogos, pois sentem
que a barreira da lucidez e da loucura torna-se muito fina. É muito arriscado.
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